Perigo Eminente – Parte 2

E OS ACIDENTES NÃO PARAM POR AI

Os acidentes relacionados a eletricidade são amplamente divulgados ao mercado pelo seu caráter de importância e de alerta, com a finalidade de serem evitados. No Brasil, não existem estatísticas atualizadas e precisas quanto ao acidentes com a rede elétrica. Sabe -se que nos Estado Unidos, cerca de cinco mil pessoas chegam anualmente aos prontos socorros vitimadas por choques elétricos, e aproximadamente mil casos  fatais são creditados anualmente a este fator.

A grande maioria dos acidentes se dá pela falta de informação das pessoas que utilizam ou trabalham com eletricidade, o que na verdade não é. Ainda estou tentando  encontrar ao menos  um caso que seja realmente uma fatalidade, mas até agora, pelo que acompanho, o motivo dos acidentes está sempre relacionado a algum tipo de erro, exceto quando se trata de descarga atmosférica, em que a pessoa não tem onde se abrigar ”, frisa Edson Martinho.

A estatística real dos acidentes com eletricidade está mascarada e muito além dos números noticiados, pois quando ocorre um acidente  relacionado a choque elétrico, vêm a óbito e este é um ponto principal que afeta, principalmente crianças dentro das casas. ” As pessoas, se enganam achando que tapando a tomada não terão problemas. Às vezes, acabam até mesmo inutilizando a tomada para evitar choque elétrico ”, expõe Milena.

A adoção do novo padrão de plugues e tomadas é destacada pelos especialistas como uma das ações que colaboram bastante para a diminuição de acidentes, pois os critérios de segurança que foram embutidos são indiscutíveis.

O curto-circuito, isto é, a sobrecarga na instalação também é um dos perigos iminentes, estando relacionado a incêndios que costumam ser graves na maioria das vezes.

Paulo Barreto contrapõe a afirma que se levarmos em conta o crescimento  da população, as ocorrências diminuíram.   ” Nas três últimas décadas, houve um aumento de responsabilidade e do senso  crítico dos riscos de instalações elétricas irregulares, e com isso, houve uma elevação significativa  de projetos e de execuções de acordo com as normas”, declara.

O XIS DA QUESTÃO ESTÁ NA CONSCIENTIZAÇÃO

A precariedade das instalações elétricas tem sua origem na cultura, que pouco conhece o assunto e não investe em recursos que garantem sua próprio brasileiro, que não tem o hábito de fazer uma instalação  elétrica segura, mas sim, pode funcionar. Esse é o primeiro passo que temos que dar, pois a mudança de cultura é um processo longo e leva muitos anos ”, declara Edson Martinho.

Para ilustrar o que deveria 0 acontecer com as instalações elétricas, o engenheiro cita o exemplo do uso do cinto de segurança.  ” Há vinte anos, sua obrigatoriedade começou com uma fiscalização, depois, foi feita uma campanha mito forte, e é isso que vai criando uma cultura. Hoje em dia é muito comum as pessoas entrarem  no carro e colocarem o cinto de segurança automaticamente. É mais ou menos nessa linha que precisamos atuar, para que tenhamos  resultados mais rapidamente ”, argumenta.

Paulo Barreto é ainda mais conciso ao declarar : ” Nós profissionais do meio, temos falado o óbvio para nós mesmos, enquanto o problema está na falta de conscientização social. Os acidentes ocorrem em uma parcela considerável por desleixo e por desconhecimento da sociedade. Se for feita uma campanha de conscientização, esclarecimento e orientação, há uma maior probabilidade de sucesso, caso contrário, o insucesso é que ganha terreno ”, enfatiza.

Apesar das mobilizações de diversos agentes do mercado, é preciso promover um trabalho muito mais acentuado no que diz respeito à mídia de massa, ou seja, campanhas em televisões, rádios, jornais, revistas, palestras, cursos etc, a fim de aumentar a consciência de todos, já que cultura não se muda de uma dia para outro Ademais, com a sociedade devidamente esclarecida será possível detectar a má-fé de certos prestadores de serviço.

” Sempre costumo dizer que existem duas formas de se promover a segurança: uma é pela conscientização, isto é, mudar a cultura do ser humano para que ele comece a entender que a instalação  elétrica é necessária, a outra é pela legislação, mas sem fiscalização não há o cumprimento da lei ”, justifica Martinho.

Neste sentido, é travada uma complexa briga jurídica, pois há quem afirme uma norma técnica, não pode ser obrigatória por que não é disponibilizada gratuitamente, por outro lado, o Código de Defesa do Consumidor (CDC) remete  ao seu cumprimento por falta de fiscalização e de cultura que a exija.

Indo mais a fundo, para gerar essa mudança de cultura necessária, é preciso ir além de promover trabalhos juntos às mídias. Milena Prado explica que por mais que a população seja conscientizada e saiba da gravidade do problema, se não houver uma lei e benefícios por se fazer  a reforma, dificilmente este processo funcionará, pois o brasileiro  se adéqua quando há fiscalização  e multas. ” Poderiam ser envolvidos bancos que incentivem a reforma e ofereçam crédito para a instalação elétrica ”, sugere.

Outra alternativa proposta por ela é a criação de um comitê para ouvir a cadeia e entidades de classe, de modo a realizar a apresentação de um dossiê dos problemas  ocorridos para a Agência  Nacional de Energia Elétrica  (ANEEL), em Brasilia, a fim de fomentar a mudança cultural. ” Quem sabe assim, as concessionárias de energia tenham permissão  por parte da ANEEL para entrarem na residência do consumidor e fazerem a verificação, pois até o momento, elas só chegam até o padrão de entrada da unidade consumidora ” propõe.

Como forma de despertar a atenção e o interesse da população sobre o assunto, o Programa Casa Segura, juntamente com a rede da C&C – Casa e Construção, criou um produto chamado ” Assistência Elétrica ”, disponível para compra em algumas lojas da rede, por meio do  qual  o próprio consumidor pode fazer um diagnóstico da sua instalação elétrica.

Ainda para este ano, o Casa Segura está programando um trabalho em parceria com treinamentos ministrados no Homecenter da Dicico, que visa justamente alertar os consumidores sobre os riscos da eletricidade e entregar-lhes um guia de bolso para atenderem à qualidade das instalações. O trabalho está em fase inicial, porém deve estar em funcionamento a partir do final de junho, aproximadamente.

Milena Prado conta que outra ação almejada consiste em um trabalho de solicitação a bancos, de modo que verifiquem dentro de seus relatórios de inspeção, a possibilidade de serem listados mais materiais elétricos na instalação.   ”Quando o banco libera um seguro residencial, ele tem de fazer inspeção para verificar a condição da instalação. Estamos tentando convencer alguns deles a impor mais itens, por que o relatório atual é muito superficial. Acredito que essa também seja outra forma de incentivar uma movimentação na cultura da sociedade ” relata.

PADRÃO DE QUALIDADE

O ano de 2011 apresentou, em relação a 2010, uma redução dos fabricantes  com produtos de qualidade ( de 54% para 46%) e um aumento dos fabricantes com deficiências, embora certificadas ( de 13% para 33%), segundo dados da Associação Brasileira pela Qualidade dos fios e cabos Elétricos (Qualifio). Os fabricantes não certificados cancelados apresentam uma redução de (33% para 21%). A situação é preocupante e foi gerada pela falta de cancelamentos de certificados (diferente do ano de 2010) e pela migração dos fabricantes com problemas para novas certificadoras.

Contudo, ainda assim, se compararmos a qualidade dos produtos hoje comercializados no mercado com a qualidade das instalações propriamente ditas, a melhoria da qualidade dos itens é muito maior, , por que todos eles praticamente contam com uma certificação compulsória. Logicamente ainda existem  problemas de produtos piratas e não conformes, mas mesmo em disjuntores, por exemplo, em que se tem casos até mesmo de falsificação de marca, a falta de qualidade é muito menor do que era há 10 anos.

Quando se trata condutores, se analisarmos o monitoramento de controle de qualidade realizado, veremos que o índice atual de conformidade ultrapassa 95%. ” Em muitos países, como os Estados Unidos, não existe uma legislação para estas questões por que o mercado exige segurança e qualidade, enquanto nós infelizmente, ainda precisamos desta  ‘ figura antipática ‘ da certificação compulsória ”, compara Daniel.

A melhoria da qualidade dos produtos também se deve a conscientização do próprio fabricante em investir cada vez mais em seus produtos. O outro viés que existe é o tecnológico. Os processos de fabricação atualmente estão melhores e bem mais acessíveis em termos de custos, o que também auxiliou essa melhoria geral dos componentes.

” Hoje, o discurso é outro, pois houve uma evolução positiva do mercado. No ano passado, tínhamos riscos  de materiais  ( casos de policia ), ao passo que atualmente, com certificação compulsória, se a compra for feita em estabelecimentos formais, como lojas, revendas de materiais de construção serão encontrados somente materiais normalizados  com marca de conformidade nos que são certificados ”, assegura Paulo Barreto.

Ainda segundo ele, dos tipos de produtos precisam entrar na compulsoriedade de certificação o quanto antes: eletroduto e quadros de distribuição, pois apresentam muitos problemas ” Vejo que são montados  na obra sem qualquer noção, ensaio e critério. Para efeitos legais, quem monta um quadro se transforma em um fabricante, e , portanto, deve cumprir toso os requisitos que um fabricante / montador de quadros está sujeito ”, destaca.

No que tange  a eletrodutos, ele afirma que não tem têm sido encontradas as famosas mangueiras d’água para uso, o que era outro ponto critico . ” A partir do momento que acontecem estar certificações, eu diria que, dos materiais mais significativos, o mercado esta bem coberto ”, sustenta.

ADOTE HÁBITOS INTELIGENTES QUE VISEM A SEGURANÇA E REDUZAM O CONSUMO DE ENERGIA,CONFIRA ALGUMAS DICAS PRIMORDIAIS:

  • Não sobrecarregue as instalações elétricas. Elas devem ser projetadas de modo que seja possível prevenir perigos, como incêndios e curto circuitos devido ao superaquecimento dos fios.
  • Não faça gambiarras, instalações elétricas provisórias ou precárias podem provocar choque elétricos e incêndios.
  • Evite o uso  de ” benjamins ” ou  ”Ts ”  para evitar sobrecarga. Prefira sempre instalar mais tomadas.
  • Instale o fio terra e dispositivo DR. Evite choques elétricos.
  • Use circuitos separados para iluminação e tomadas.
  • O quadro de luz deve estar sempre limpo, ventilado e desimpedido, longe de botijões de gás.
  • Quando for trocar uma lâmpada, desligue o disjuntor.
  • Leia atentamente as instruções do fabricante ao instalar aparelhos elétricos.
  • Verifique se os aparelhos elétricos não estão com fios desencapados.
  • Somente pessoas com entendimento técnico devem executar trabalhos em instalações elétricas.
  • A manutenção das instalações elétricas é muito importante na economia de energia. Além de valorizar seu imóvel, também aumenta o conforto pela possibilidade  do uso de novos equipamentos de forma segura.
  • Revisões periódicas são importantes na manutenção da fiação elétrica e na prevenção de fugas de corrente.
  • Não utilize benjamins e extensões. Elas sobrecarregam a rede elétrica e oferecem riscos de incêndio.
  • Iluminação abra as janelas e aproveite a luz natural. Pinte as paredes em cores claras, que refletem luz e dispensem o uso de lâmpadas de alta potência.
  • Limpe as luminárias e lustres. O acúmulo de pó reduz o nível de iluminação.
  • Lâmpadas fluorescentes são mais econômicas e iluminam tão bem quanto as incandescentes. As lâmpadas de vapor de sódio também têm grande poder de iluminação além de consumirem energia se comparadas com as de mercúrio.
  • Iluminação externa: células fotoelétricas são ideias para ambientes externos, pois desligam-se automaticamente de acordo com a luminosidade do dia.

Fonte: Programa Casa Segura.